quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O que os une é mais forte (muito mais) do que aquilo que os separa.

Que diferenças existem entre o discurso de Manuela Ferreira Leite e a prática governativa de José Sócrates? Nenhumas, diria eu. Sem ponta de ironia. Talvez a líder do PSD tenha o coração mais perto da boca, coisa de família a julgar pelo que se ouve todas as segundas à noite num canal televisivo, e diga em voz alta aquilo que o primeiro-ministro não permite que os seus lábios pronunciem.

Recorde-se, a propósito, o que o insuspeito socialista António Barreto escreveu no jornal “Público”, no inicio deste ano, acerca do seu camarada que ocupa o lugar de presidente do conselho de ministros.

"Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu Governo. O primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas. Temos de reconhecer: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo..."

2 comentários:

  1. uma das coisas que mais e verdadeiramente me assusta em nós, enquanto povo, é de facto a nossa passividade. mesmo para que o 25 de abril acontecesse nós não fomos à rua, foi um grupo de militares que tomou a iniciativa... como povo estamos mesmo adormecidos, encostados à sombra de uns bravos descobridores... nem os anos a fio de ditatura foram capazes de nos acordar, não soubemos instalar a democracia...às vezes penso que precisavamos de um susto tal como aconteceu com nuestros hermanos, ter uma eta, ter qualquer coisa que nos fizesse acordar como cidadãos...
    desculpa a seca destas palavras todas, mas ando um cadinho desiludida.
    não tenho nem nunca tive um sentimento patriota, considero-me em absoluto cidadã do planeta e não de um país, mas lamento viver num onde o 'adormecimento' da consciência social, politica, profissional, seja tão grande...

    ResponderEliminar
  2. E com uma enorme passividade por parte dos Media portugueses que, noutras circunstâncias, seriam muito mais interventivos...

    ResponderEliminar