quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Depois da economia de casino vem aí a economia de circo!

A redução de salários continua a ser uma das medidas mais defendidas por alguns economistas, alegadamente conceituados, como essencial para combater a actual crise. Começar pelo deles era capaz de não ser má ideia. De preferência um corte substancial para, a título experimental, vermos se resultava. Caso resultasse e a economia começasse a dar os tão esperados sinais de recuperação, avançar-se-ia então para reduções salariais massivas em todos os outros sectores da sociedade. Acredito que, pouco tempo depois, mesmo que o nível de vida da generalidade dos portugueses estivesse ao nível da Coreia do Norte, as contas públicas apresentariam um fabuloso superavit e a economia nacional cresceria muito mais do que a chinesa.
Por alguma razão que não descortino – o que não admira porque nunca estudei essas coisas – os alegados especialistas da área económica entendem que pagando ordenados mais baixos, as empresas poderão criar mais emprego. É capaz de ser verdade. Não menos verdade será que mais empregados representarão uma maior quantidade de bens produzidos a um menor custo que, dentro da mesma linha de raciocínio, chegarão ao consumidor a um preço mais em conta. Consumidor a quem, recorde-se, foi reduzido o vencimento e, em consequência, terá um poder de compra ainda menor. O que fará com que não compre os tais produtos que serão produzidos por mais empregados a ganhar menos.
Suspeito – mas quem sou eu para o afirmar – que por força do que atrás escrevi, a receita dos impostos, directos e indirectos, cairá a pique e o Estado verá consideravelmente diminuída a sua capacidade para assegurar as funções mais básicas que lhe competem. Por outro lado, ainda em consequência do menor poder de compra que se verificará se esta brilhante teoria for avante, é provável que entremos num cenário de deflação. O que, convém não esquecer, ainda há não muito tempo aterrorizava estes génios da ciência económica.
Como escrevi em anteriores posts não consigo levar essa gente a sério. Mas divertem-me, o que já não é mau.

2 comentários:

  1. Os economistas, gestores e "conselheiros" e ainda outros pseudo-cargos, os que ganham ACIMA dos 2500€ devia de devolver ao Estado aquilo que ganham e não produzem, como é o caso de muitos advogados, engeneiros e outras carreiras que nada produzem. Deles só sai a arrogância e a ganância...
    Humildade, O que é isso?
    MFCC

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  2. KK o exmplo que dá, a "eles" não diz nada, até porque eles não perdem o poder de compra.
    A classe média-baixa, essa sim, vai ressentir-se. Quando à classe baixa, essa já está habituada ao rendimento de incersão social, e também a nada fazer e nada produzir...
    Por isso "mais coisa menos coisa", não vão estranhar...
    O € não lhes vai faltar, trabalhem ou não trabalhem é garantido no fim do mês!
    MFCC

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