sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Xicos espertos, Patos bravos e outros manigantes

Desconheço qual é o valor actual da taxa de juro praticada no crédito à habitação. Desconfio, contudo, que andará muito longe de justificar alguma histeria e quase alarme social como se verificou há algum tempo atrás quando esses valores subiram ligeiramente ou que, alguns sectores comecem já a revelar preocupação perante a possibilidade de um novo ajuste, no sentido ascendente, das taxas cobradas pelas instituições bancárias neste tipo de operação.
Obviamente que opino com este à vontade acerca desta matéria por já não ter este tipo de encargos. Que tive em tempos passados, diga-se. E, ao contrário de agora, a taxa que suportei era composta por dois dígitos. Muitíssimo acima do que é cobrado actualmente aos que reclamam da perspectiva da sua eventual subida. Causa-me por isso estranheza que gente com capacidade económica para adquirir habitações de dimensões bastante acima do necessário para acomodar o seu agregado familiar, presente e futuro, e para contrair empréstimos que vão bastante além do indispensável para financiar a aquisição da casa ande por aí a lamentar-se e a lamentar a suposta inflação do preço do dinheiro.
Também verdadeiramente extraordinária é a posição da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas que considera serem os elevados preços praticados no mercado imobiliário da responsabilidade da banca. É que, argumentam, o crédito às empresas tem sofrido as mesmas contingências que o crédito às famílias: está cada vez mais difícil de conseguir e paga spreads cada vez mais altos. Com encargos tão elevados, as empresas não conseguem baixar os preços.
Perante argumentos destes ocorrem-me sempre alguns episódios curiosos. Como por exemplo aquele em que alguém - vá lá saber-se quem - conseguiu, pelos idos oitenta e cinco ou oitenta e seis do século passado, fazer com que o concelho de Estremoz fosse incluído na zona II, para efeitos de acesso ao financiamento à habitação com crédito bonificado, o que fez subir substancialmente o montante máximo a financiar pela banca. Coincidência ou não, a partir da publicação da Portaria que consagrou essa mudança, o preço das casas disparou. Manigâncias, como diria o outro.

1 comentário:

  1. Eu até percebo porque dispararam os preços das casas em Estremoz... É como aqui em certas zonas onde os edis tinham algumas propriedades e que as queriam valorizar... e noutras meteram zonas Verdes, em locais óbviamente ótimos, mas cujos proprietários eram uns coitaditos sem poder.
    Uns patos bravos (políticos) e nós é que somos os Cisnes... :D!
    MFCC

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