terça-feira, 30 de novembro de 2010

Espionagem blogosferica

Consta, mas se calhar é só mais um mito urbano, que haverá pessoas mandatadas para analisar diariamente a blogosfera a fim de recolher dados a respeito de quem critica o governo. Serviço que, muito naturalmente,  estará a ser devidamente remunerado. A acontecer não me parece mal de todo. Será uma maneira de manter entretida uma certa gente, com pouca habilidade para fazer coisas úteis mas muita vontade de lamber coisas. Sapatos, nomeadamente. Ou até, quem sabe, botinhas de lã. Mesmo que estas, apesar do aspecto ternurento que possam evidenciar, vão deixando um ou outro borboto. 
Não sei se essas pessoas verificam o que vou escrevendo aqui pelo Kruzes nem se recolhem informações sobre o autor. Eu, no caso. Desconfio que não. Mas se estiver enganado e este sitio for visitado por quem alegadamente estará incumbido de transmitir as informações ao chefe, peço-lhes, encarecidamente, um favor. Já que se dão ao trabalho de ler as alarvidades que vou postando, sejam fofinhos e cliquem nos anúncios, inscrevam-se nos sites e comprem as coisas que publicito. Estarão, dessa maneira, a contribuir para que empresas nacionais vendam os seus produtos e a ajudar o nosso querido líder a não se sentir tão sozinho na árdua tarefa de puxar pelo país. Vão ver ele ainda vai agradecer. E eu também. Para além que, se fizerem isso, prometo não contar nada àquele linguarudo da wikileaks.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

As aventesmas do costume

O rigor informativo não é propriamente o forte da maioria dos nossos orgãos de comunicação social. Durante o fim de semana a maioria deles colocou particular ênfase no facto de o primeiro prémio do euromilhões ter saído a um grupo de apostadores madeirenses, entre os quais se incluirão algumas pessoas carenciadas. Ao que foi revelado, o custo semanal da aposta seria de dezoito euro por apostador. O que, a ser verdade, representará um encargo mensal de setenta e dois euros. Convenhamos que para carenciado é uma quantia considerável. 
Fico satisfeito por mais alguns portugueses se verem livres das leis sócretinas. Embora, como é natural, ficasse muitíssimo mais se o libertado fosse eu e todos os restantes vinte e oito sócios que comigo partilham a esperança de um dia nos tocar em sorte algo do género. Todavia acho completamente descabida essa necessidade informativa, talvez para romancear a coisa, de salientar a pretensa carência económica dos felizes contemplados. 
Pior só facto de agora haver já quem sugira que a vencedora é a dona da tabacaria. A senhora, como promotora da sociedade em causa apesar de não a integrar, é quem está na posse dos originais dos boletins. Pelo que, perante a Santa Casa da Misericórdia, é a legitima vencedora. Houve mesmo orgãos de informação que solicitaram a opinião de juristas e especialistas diversos acerca da matéria. Repugnante, quanto a mim, suscitar dúvidas quanto à titularidade do prémio. Quererão, provavelmente, os mentores destas questões provocar guerras e desavenças onde não há qualquer motivo para isso. Espero que toda a gente saiba manter a cabeça no lugar e aplicar o dinheiro que a sorte lhes atribuiu com ponderação e bom-senso. De preferência longe de jornalistas que apenas pretendem fabricar noticias. Alegadamente, claro.

domingo, 28 de novembro de 2010

Eco-deputados

O actual PS não pára de surpreender os portugueses com medidas verdadeiramente importantes. Na ausência de novas causas fracturantes os deputados – ou quem manda naquela malta – do partido que ainda ocupa o poleiro, entretêm-se a propor coisas que realmente importam ao país e que podem contribuir decisivamente para o fim do triste ciclo que actualmente se vive. Infelizmente nenhuma delas inclui o suicídio colectivo daquela trupe mas, ainda assim, são propostas louváveis. Ou de se lhe tirar o chapéu, vá. 
Ao que se sabe o grupo parlamentar do actual Partido Socialista - não confundir com outro partido, que por acaso tem o mesmo nome e a quem os portugueses muito devem – pretende, de ora em diante, obrigar os supermercados a conceder um desconto de cinco cêntimos, por cada cinco euros de compras, a quem prescindir dos habituais sacos de plástico para acondicionar as ditas. Livres da obrigação de dar o descontinho ficarão os agentes económicos que decidam cobrar um valor, admite-se que simbólico, a quem insistir em levar o saquito. Gosto particularmente desta medida. Há que acabar com o plástico, essa invenção capitalista. Pena não aproveitar a ocasião para regulamentar o modo de transporte e acondicionamento dos diversos tipos de bens entre a loja e o domicilio do comprador. 
O mesmo grupo para lamentar apresentou também uma proposta que visa acabar com a água engarrafada no parlamento e, por consequência, fazer com que os deputados passem apenas a beber água da torneira. Por mim estou quase de acordo. Apenas coloco um senão. Acharia melhor ainda se a proposta incluísse a recuperação da profissão de aguadeiro. Embora modesto, seria um contributo para a criação de postos de trabalho. Daqueles a sério em que se trabalha e tudo. Ah! E antes que me esqueça, aproveito desde já para me demarcar de qualquer proposta tendente a organizar excursões com o propósito de ir mijar para a água da barragem de Castelo de Bode.

sábado, 27 de novembro de 2010

Volta Sandokan, estás perdoado.

Faltam-me as palavras para definir o civismo dos meus conterrâneos quando conduzem um automóvel. Ou quando o estacionam. Este cenário constitui uma moda recente e que resulta, no essencial, de dois factores. A abertura de alguns estabelecimentos comerciais nesta zona do Rossio e o facto de o Sandokan já não chefiar o posto da Policia de Segurança Pública. Podia também mencionar uma terceira circunstância e que tem a ver com a necessidade tuga de levar o carrinho até à miníma distância possível do local de destino. Mas isso até se compreende. Há que poupar as energias para a caminhada do lusco-fusco.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vigaristas sem classe

Costumo dizer que se algum dia for confrontado com uma situação extrema, que implique a falta de recursos financeiros para satisfazer as necessidades mais básicas e não tiver outro meio de o fazer, não hesitarei em recorrer a métodos pouco lícitos para obter os rendimentos que considere adequados. 
Provavelmente é o que fazem as pessoas que enviam o tipo de email's da imagem ao lado e que diariamente me atafulham a caixa de correio. Podiam e deviam, como já tive ocasião de referir noutros posts em que o nível de desagrado com o volume de lixo acumulado me fez abordar a questão, era ter um pouco mais de respeito pela inteligência daqueles que escolhem como vitimas e adequar a forma de actuação ao público alvo que pretendem atingir. Uma história como a desta carta talvez resultasse, por exemplo, em Fátima num dia de peregrinação se fosse contada a uma das muitas velhotas de xaile e pelos na verruga. Assim, por mail e com um português manhoso de tradutor on-line, está condenada ao fracasso. 
Embora mais rebuscados, e já com um ou outro casos de sucesso, parecem-me igualmente fraquinhos os esquemas que visam caçar os códigos do home-banking. Para além dos constantes alertas dos bancos para estas tentativas de fraude, a coisa tem o senão de o burlão correr o sério risco de mandar um mail a pedir os dados bancários de um banco onde a potencial vitima não é cliente. O que, como é óbvio, a deixa alerta contra este tipo de burla. A menos que – e é sempre um dado a ter em consideração – o destinatário seja parvo. 
Como é bom de ver estes são métodos reprováveis a que não recorreria se me visse na situação descrita no inicio deste texto. Preferia outros igualmente desonestos mas com mais probabilidades de êxito. Como o daquele tuga que, coincidência do caraças, conseguia localizar todos os canitos que se perdiam no país e receber grande parte das recompensas atribuídas pelos desesperados donos...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Poltrões!

Ao contrário do anunciado e do que alguns – coitados – acreditaram, os sacrifícios exigidos, alegadamente para combater uma certa crise que se diz existir por aí, não são para todos. Só os tolinhos podiam pensar o contrário. Com o descaramento próprio das pessoas sem vergonha, PS e PSD viabilizaram a intenção do governo de não aplicar cortes salariais às empresas públicas. Pelo menos àquelas que o governo entender ou  onde a camarilha que por lá ciranda tenha a força de persuasão necessária, junto de um qualquer ministro, para se escapar à austeridade anunciada. 
O argumento dos bandalhos que assim decidiram é notável. Evitar que, por força da redução salarial, se verifique uma fuga de quadros para a concorrência privada é, de facto, uma argumentação digna das cabeçorras instaladas no poder. Como se alguém dos privados andasse permanentemente à pesca de funcionários, altos quadros ou administradores das empresas públicas. E, mesmo que se verifiquem transferências para as empresas privadas da concorrência não parece que daí venha grande mal ao mundo. Nem, mais importante ainda, ao mercado. Basta lembrar que Armando Vara saiu da Caixa Geral de Depósitos para o Banco Comercial Português e o banco do Estado continuou a existir. É verdade que as acções do BCP continuam a desvalorizar e, por este andar, qualquer dia até um sem abrigo pode comprar a sua totalidade. Se calhar é por isso que o governo optou por esta solução. Pagar-lhes bem para os gajos não saírem e, assim, não arruinarem o que ainda resta das empresas privadas em Portugal.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A greve tem destas coisas

Estou siderado com o exacerbado sentimento patriótico que hoje é possível encontrar em muitos portugueses. Nomeadamente entre os que não fizeram greve. Pelo menos a julgar pelas justificações para não aderir à greve e pelas opiniões dos muitos opinadores que hoje tiveram oportunidade, nos mais variados fóruns radiofónicos e televisivos, de manifestar a sua opinião desfavorável à paralisação geral decretada pelas centrais sindicais. Todos eles unânimes, trabalhadores e patrões, em garantir que o país precisa é de trabalho e que greves apenas contribuem para afundar ainda mais a nação. Pois sim. Lembrem-se disso quando forem passar férias ao estrangeiro, comprar inutilidades nas lojas dos chineses, prescindirem da factura para não pagar o iva ou, principalmente no caso dos empresários hoje particularmente patriotas, na altura de entregar a declaração anual às finanças. 
Ontem, pelo contrário, Francisco Van Zeller em entrevista televisiva manifestou a sua concordância com a greve geral. Para o empresário e antigo dirigente patronal existem fortes motivos de descontentamento que justificam a sua convocatória e que até é bom fazer um dia de greve, deitar a indignação toda cá para fora e depois voltar tudo ao normal. No seu entender é preferível este procedimento do que não se fazer nada e cada um optar por outras coisas. Que, obviamente, não especificou mas que se percebem. 
Já expressei neste blogue, em diversas ocasiões, a minha posição acerca das greves que visam objectivos como os que estão em causa. É tempo - e principalmente dinheiro - perdido. Por isso o antigo patrão dos patrões prefere a greve. Ele sabe porquê. Nós, os que somos atingidos pela loucura de quem nos governa, também devíamos saber e optar pelas tais coisas. E, mais do que perder dias de trabalho e de ordenado, usar a nosso favor todos os artifícios a que ainda podemos recorrer para obter algum beneficio. Já que parar a legislação idiota produzida por gaiatos ranhosos de capacidade intelectual duvidosa cujo único mérito é ter um cartão partidário, parece ser apenas possível através de outras lutas.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O regresso do escudo?! Livra...

Começa a surgir uma corrente de opinião, entre afamados especialistas em coisas, que entende que a saída do euro, de Portugal e outros países que se revelarem incapazes de controlar as contas públicas, constituirá uma inevitabilidade. Esta tese colhe, inclusivamente, a opinião favorável de alguns analistas portugueses que a consideram mesmo crucial para a sobrevivência das empresas nacionais, nomeadamente para o sector das exportações e para a retoma da economia. 
Como já escrevi em diversas ocasiões, desconfio dos economistas. De nenhum em particular, os que conheço são todos pessoas estimáveis, mas não gosto das suas ideias, das soluções que preconizam para a saída da crise – das crises, se calhar é mais correcto – nem das suas previsões acerca do que o futuro nos reserva. Mesmo percebendo as “vantagens” de, internamente, se controlar a politica monetária ou as taxas de juro e de ter uma mão-de-obra com o nível salarial do Bangladesh, parece-me, na minha modestíssima opinião, que esta teoria esbarra de frente com um ponto essencial. Mesmo que nós saiamos do euro ele continuará a existir. 
Uma medida desta natureza traria, no imediato, resultados catastróficos para o sistema bancário e para a economia. Seria a falência da nossa sociedade tal como a conhecemos. Toda a gente correria aos bancos a levantar o seu dinheiro ou, quem o pudesse fazer, apressar-se-ia a mudá-lo para lugar mais seguro. Colocá-lo ao largo, de preferência. Antes que ocorresse uma acentuada desvalorização da moeda e, por essa via, visse as poupanças esfumarem-se. Por mim, que não tenho grandes reservas nem sei como se fazem essas transferências manhosas, passava tudo para o paypal... 
Se a saída da moeda única tornaria competitivas as exportações, já do lado das importações iríamos ter um problema sério. Importando o país quase tudo o que consome, incluindo bens alimentares, as consequências de um acentuado e generalizado aumento de preço dos produtos mais básicos e essenciais seriam trágicas. A fome, a miséria e tudo o que lhes está associado atingiriam proporções alarmantes e, acredito, seria o colapso definitivo do Estado. Resta-nos a esperança que, com certeza, os economistas encontrariam uma solução...

domingo, 21 de novembro de 2010

Estacionamento tuga

Umas quantas cabeças pensantes - verdadeiros génios da táctica e sumidades da estratégia – resolveram  há quase três anos revolucionar o trânsito nos bairros da Salsinha, Monte da Razão e Quinta das Oliveiras. Lembro-me até de,  na altura, ter recebido um e-mail a dar conta da satisfação dos moradores dos referidos bairros por tão genial mudança. Obviamente que poucos residentes destas urbanizações estarão de acordo com as alterações introduzidas à circulação automóvel nestes locais. Conforme já escrevi em diversas ocasiões as distâncias a percorrer são bastante maiores, o que se reflecte nos consumos de combustível e no compreensível desrespeito por uma sinalização perfeitamente estúpida. Com as desagradáveis consequências que daí podem advir. 
Quem elaborou o plano actualmente em vigor – presumo que reputados técnicos com vasta experiência e nulo conhecimento do terreno – optou por não ouvir os moradores. Se o tivessem feito as preocupações que teriam ouvido prender-se-iam com aspectos completamente diferentes. Um deles seria de certeza o estacionamento de camiões de longo curso na entrada do bairro da Salsinha junto ao cruzamento para o Redondo, bem como nas ruas e nos locais para estacionamento de viaturas ligeiras. Verdade que as entidades a quem está atribuída a responsabilidade pelo arranjo urbanístico do bairro, pouco ou nada fizeram aos longo dos últimos vinte cinco anos no sentido de reabilitar o espaço não edificado. Verdade, também, que a falta de organização da zona e o visível desleixo a que a mesma tem sido votada ao longo do tempo potencia este tipo de abuso. Mas situações como as que mostra a foto que acompanha este texto podiam ser evitadas. 
Não é de esperar uma atitude cívica da parte dos proprietários e condutores das viaturas pesadas que por ali pernoitam e passam fins de semana. Qualquer arranjo urbanístico, desde que passe da fase de ideia até estar pronto, pode demorar largos anos. Mas, constituiu uma obrigação de quem tem soluções tão brilhantes para a regulação do trânsito - como as que pôs em prática nesta zona da cidade - tomar rapidamente medidas que ponham fim a uma situação que incomoda moradores, aborrece quem precisa estacionar o automóvel e desagrada a quem depara com mamarrachos deste quilate plantados em locais inadequados.

sábado, 20 de novembro de 2010

Gente séria

Presumo que a quantidade de manifestantes que desfilou hoje à tarde na Avenida da Liberdade irá variar consoante a fonte da noticia tenha origem nos organizadores do passeio, na policia ou no palpite dos jornalistas que acompanharam o acontecimento. Pelas imagens que as televisões mostraram não terão sido muitos. Nem, provavelmente por culpa do aparato policial, tão violentos como noutras paragens onde se realizaram cimeiras deste género. O que também não é de estranhar. Várias razões concorrem para isso: Somos um povo de brandos costumes, na manifestação havia uma elevada percentagem de velhotes ou de malta a ficar entradota, os estrangeiros que eram esperados não conseguiram entrar em Portugal e, por último mas não menos importante, o PCP e todas as organizações por si patrocinadas só querem aparecer e proporcionar aos seus apaniguados um motivo para exibirem as bandeiras e as causas. Perdidas, quase todas. 
Destas coisas das manifestações aprecio essencialmente as curtas entrevistas que as televisões fazem aos intervenientes. Extravasam superioridade moral e intelectual, irradiam cultura, mostram um conhecimento politico ao alcance de poucos – basta ver os resultados eleitorais – e evidenciam uma petulância que me suscita uma enorme vontade de rir. Foi o caso de hoje. Apesar do notório mau aspecto da maioria, alguns com evidentes sinais de não se aproximarem de água há meses, transmitiram-me ensinamentos importantes e que desconhecia por completo. Entre outras coisas fiquei a saber que a NATO é má. Faz maldades. Que as bombas atómicas matam que se fartam - excepto se forem do Paquistão, Índia, Coreia do Norte ou Irão – e que portanto há que acabar com o arsenal nuclear da Aliança Atlântica. Descobri também que não gostar de guerra é exclusivo da esquerda. O que me levou a uma preocupante conclusão. Varreram-se completamente da memória as gigantescas manifestações contra a a invasão soviética do Afeganistão, que o PCP organizou na década de oitenta.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tropa fandanga


Titula hoje o Correio da Manhã - e outra imprensa segue-lhes as pisadas embora em letras mais pequenas – que a Defesa, entenda-se a tropa, não terá dinheiro para pagar salários. Pois que não posso acreditar. Aliás, é absolutamente impossível que isso aconteça ou esteja prestes a acontecer. Ou, a ser verdade, alguém terá de ir preso. Não acredito que não haja carcanhol para vencimentos porque, é publico e está publicado, nas ultimas semanas foram promovidos centenas – talvez milhares, mas não me vou dar ao trabalho de os contar – de militares dos três ramos das forças armadas. É evidente e sou o primeiro – o segundo ou terceiro, vá – a defender que todos os profissionais tem direito à carreira e a progredir na dita mas, se não há dinheiro, tem que ser estabelecidas prioridades. E a primeira terá de ser, qualquer besta o sabe, assegurar os recursos para pagar ordenados. Se não houver para isso então as promoções, por mais justas que sejam, terão de esperar. 
A marosca nem sequer fica por aqui. Como é possível ver nos despachos publicados no Diário da República – e ainda hoje são publicados vários – as promoções tem, quase todas, efeitos retroactivos. Como é o caso, por exemplo, do Despacho nº 17407/2010, publicado hoje mas que produz efeitos a 29 de Dezembro de 2009. E depois queixam-se que não há dinheiro para vencimentos... Andam mazé todos a brincar com a tropa!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Xico, trata-te.

Louçã, o Anacleto, discursa por esta hora. O homem aparenta estar com problemas. Pior. Pela forma forma como vocifera parece nem tomar os medicamentos. Ou então não estão a fazer efeito. Outra hipótese é o discurso ser a consequência de um efeito secundário deveras estranho. Acha-se, logo ele, um lutador pela paz. Destila ódio contra os lideres europeus. Nomeadamente Sarkosy e Merkel. E amanhã estará na Assembleia da República. Diz que é uma espécie de deputado. Porque alguém – vá lá saber-se acometido de que patologia – votou nele.

Faz o que eu digo mas não faças o que eu faço


Ainda sou do tempo em que o Benfica apenas tinha jogadores portugueses. Mesmo que, em algumas épocas futebolísticas, o contingente africano constituísse mais de meia equipa. Hoje, graças à globalização e a outras parvoíce por demais conhecidas, já não é assim. Infelizmente. Muitos são os jogos em que, dos onze que entram em campo para representar o glorioso, apenas um ou dois nasceram em terras lusas. 
Neste contexto não posso deixar de considerar absolutamente ridícula a adesão do Benfica à campanha "COMPRO o que é nosso", que visa promover os produtos portugueses. Uma instituição que, ano após ano, compra os passes de dezenas de atletas estrangeiros, das mais variadas modalidades, preterindo claramente aqueles que são formados em Portugal e que, salvo raras excepções, apresentam uma qualidade futebolística idêntica ou superior e um preço muito mais em conta quando comparado com os milhões pagos aos que se trazem de fora, não me parece ser a entidade indicada para transmitir alguma credibilidade à campanha que se pretende promover.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma desgraça a que chamam país


Duas televisões exibiram hoje no telejornal da noite outras tantas reportagens em se abordava a relação difícil que os portugueses mantém com o fisco. Numa abordava-se a transferência de capitais para offshores sonegando, através de facturas falsas e esquemas manhosos, milhões de euros ao fisco. Noutra, eram divulgados os muitos milhões relativos a impostos que os portugueses se “esqueceram” de pagar às finanças. Dos números apresentados, conjugando um e outro caso e se, por remota hipótese, os portugueses fossem gente honesta – até mesmo aqueles que não andam na politica – pode-se facilmente concluir que o país ostentaria um saudável equilibro orçamental e que todos os sacrifícios por que agora temos de passar seriam evitáveis. 
O combate à fraude e evasão fiscal é o principal caminho- não descurando outros, obviamente - a percorrer no combate ao défice. Escrevo isso desde, pelo menos, o inicio deste blogue e é como muita estranheza que leio e ouço verdadeiras sumidades nestas matérias menosprezarem este aspecto. Alguns consideram-no mesmo de valor residual e insistem na velha cassete do corte de direitos e salários, bem como na concessão de mais e mais benefícios a empresas e empresários. Provavelmente para estes colocarem “ao largo”. 
Os números desta mega-fuga às obrigações fiscais constituem um verdadeiro escândalo e revela bem que tipo de gente vive cá pelo rectângulo. Ladrões, pantomineiros, vigaristas e aldrabões. Uns estarão no governo, outros terão lá estado e outros ainda terão vontade de para lá ir. De fora também não ficam os muitíssimos caloteiros, uma verdadeira manada de chicos-espertos, párias que vão vivendo à conta da sociedade e à margem de qualquer contributo que ajude a pagar o quanto nos custa a sua existência. Por fim todos os outros. Os que permitimos, com o nosso silêncio e inacção, que toda essa cambada assim vá vivendo e burlando quem cumpre. O resultado está à vista. Esta desgraça a que ainda chamamos país.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os lixados do costume


Acho absolutamente ridículo o discurso de lideres políticos, sindicais e outros, garantindo a mobilização dos trabalhadores para a greve geral, ou para outras manifestações de repudio contra as politicas de austeridade promovidas pelo governo. Uma greve, uma manifestação ou qualquer forma de protesto pretende demonstrar, quanto a mim, que um determinado grupo de indivíduos está unido na defesa dos seus interesses comuns que, nesse momento, estão a ser postos em causa. 
Embora os ataques à generalidade dos portugueses que trabalham sejam violentos, aquilo a que se assiste nada tem a ver com um forte – nem sequer fraco – sentido de solidariedade e de união. Cada grupo de vitimas tenta safar-se por si, procura encontrar subterfúgios para que a sua classe não seja atingida e tenta escapulir-se bramindo argumentos que quase nunca potenciam um sentimento de unidade com aqueles que, pelos menos teoricamente, seriam companheiros de infortúnio. 
Nem vale a pena estar para aqui a dar exemplos. São mais que muitos, sobejamente conhecidos e todos os dias surge alguém a considerar que, por uma série de motivos, as medidas de alegada contenção não se deviam aplicar ao seu grupo profissional. Também não vou perder tempo a condenar este tipo de atitude. É um sinal dos tempos, das divisões que os governantes – principalmente os actuais – têm sabido provocar na sociedade para melhor impor as suas politicas e constitui uma prática com que todos nos temos de, cada vez mais, habituar a viver. Cada um por si e o do lado que se lixe. Até que estejamos todos lixados.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ocupação da via pública


Quando se fala de impostos idiotas é frequente dar-se como exemplo a licença de isqueiro que os portadores deste utensílio tinham de pagar nos idos anos do Salazarismo. Mais tarde foi a Sisa a ser considerada, pelo então primeiro ministro António Guterres, como o imposto mais estúpido do mundo. Fazendo jus à competência que evidenciou no desempenho do cargo, o curiosamente também engenheiro e socialista, mudou-lhe o nome e, com isso, mais ninguém achou o imposto que tributa a transacção de imóveis uma coisa absurdamente estúpida. 
Nos últimos dias muitos têm sido os que dão como exemplo de suprema parvoíce fiscal a taxa municipal de direitos de passagem ou taxa de ocupação do subsolo, que taxam, respectivamente, as operadoras de telecomunicações pela ocupação do espaço aéreo com os cabos e as distribuidoras de gás canalizado pela passagem das condutas no subsolo e que estas, obviamente, fazem repercutir na factura que apresentam ao cliente. 
O assunto veio a propósito da intenção de alguns municípios passarem a cobrar aos bancos uma taxa por ocupação da via pública com as máquinas multibanco. Apesar da ideia, pelo menos aparentemente, gerar algum consenso – se calhar por envolver os bancos como pagadores – a mim parece-me ainda mais estúpida que a tão gozada licença do isqueiro. Só com muito boa vontade, uma grande dose de imaginação e uma argumentação algo perversa, é que se pode concluir que uma máquina encastrada numa parede está a ocupar a via pública. Há até quem, num momento de invulgar delírio, compare a pobre ATM com uma esplanada de um qualquer restaurante que ocupa vários metros quadrados de passeio! Se os argumentos não primam pelo brilhantismo são, valha-nos ao menos isso, de rir até às lágrimas. 
Se o objectivo é endireitar as finanças autárquicas era capaz de haver muito por onde agir. Mas se não quiserem começar por cortar em despesas extravagantes podem, acredito com vantagens, pensar em receitas alternativas. De preferência daquelas que, para além de contribuírem para que os cofres municipais estejam menos vazios, possam representar também uma melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Estou, assim de repente, a pensar na introdução de portagens para acesso ao centro das cidades. Mas, como não há gente com tomates para isso, podem optar por soluções que embora igualmente parvas parecem um pouco mais lógicas. Como, por exemplo, taxar as antenas de televisão ou os marcos do correio. Com taxa agravada para os do correio azul.

domingo, 14 de novembro de 2010

Ideias parvas


Todos os dias surgem na internet movimentos espontâneos de cidadãos. Uns contra qualquer coisa, outros a favor de uma coisa qualquer, alguns antes pelo contrário e, outros ainda, simplesmente parvos. É o caso de um alegado “movimento popular” que pretende mobilizar os cidadãos europeus – ou da parte ocidental do mundo, sei lá – para que no dia sete de Dezembro se dirijam aos bancos de que são clientes e levantem todas as suas economias. 
Pretender-se-á com esta acção, nas palavras de um entusiasta da causa, mostrar aos bancos e aos governos que não terão assim tanto poder e que dependem do povo, que roubam descaradamente, para manter o seu negócio. Afirmam pretender instaurar uma nova ordem mundial – seja lá o que for que isso quer dizer – fazendo colapsar a actual sociedade assente no poder do dinheiro. Ou, digo eu, quererão fazer um ataque organizado ao sistema financeiro internacional e dar o passo que falta em direcção ao abismo fazendo a humanidade regredir até ao tempo em que vivíamos em cavernas. 
Claro que iniciativas destas estão, obviamente, condenadas ao fracasso. Nem, aliás, merecem esse titulo, porque iniciativa pressupõe que se trate de alguma coisa inteligente e uma ideia destas é um perfeito exemplo de idiotice. Até porque, mas isso sou só eu a suspeitar, os palermas que estarão por detrás desta proposta, bem como o tipo de malta que prevejo possa aderir, não terão dinheiro suficiente para esgotar as reservas de uma só caixa de qualquer agência bancária. Mas, caso esteja enganado e até tenham as contas relativamente bem providas, calculo que o dinheiro levantado depressa regresse ao banco. É que os traficantes de droga não costumam guardar o dinheiro debaixo do colchão...

sábado, 13 de novembro de 2010

Onde páram os defensores dos galináceos?!


Alguns defensores do direitos dos animais ficarão com certeza chocados com esta foto. Nada que me incomode. Aliás é até uma reacção bastante apropriada ao conteúdo da imagem. 
Todos os Sábados dezenas de galináceos são transaccionados no mercado de Estremoz e alguns destes estarão, por esta hora, no interior de uma panela. Lamentarmente ainda nenhum bacoco, militante de causas não menos bacocas, teve a ideia de, como forma de protesto pelo destino desta bicharada, se acorrentar a um sinal de trânsito, candeeiro de iluminação pública ou, numa demonstração de inusitada ousadia, à própria gaiola. Era parvo, mas lá que ia ser divertido lá isso ia.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Espionagem

Não sei se os meus leitores se interessam por espionagem. Se calhar não. Mesmo assim sugiro uma visita ao site a que nos conduz o banner publicitário, situado na barra lateral direita do blogue, e dar uma olhadela pelo fantástico material que ali é promovido. Coisas que farão, acredito, a delicia de qualquer espião. Ou de quem esteja interessado em espiar. Por mim prefiro os “chinelos detectores de metais”, que também constam da vasta gama de produtos que podemos encontrar à venda na loja on-oline a que a hiperligação nos leva. Chinelos esses que nem imaginam a falta me faziam neste momento. E não, não é por falta de calçado.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pobres e desinformados.


Jornais, rádios e televisões mostraram-nos ontem, de forma mais ou menos indignada, o quanto é inadequada a ajuda alimentar que a União Europeia envia para Portugal com a finalidade de ser distribuída a famílias carenciadas. Manteiga, arroz e cereais em quantidades astronómicas, muito para além da capacidade de consumo de qualquer família, constituíam no essencial o motivo da critica. Até porque, salientava um autarca particularmente chateado, apenas se podem candidatar a este tipo de ajuda famílias em que o rendimento per capita, depois de deduzidas uma série de despesas básicas, não ultrapassem os cento e oitenta e nove euros. Valor excessivamente baixo, no entender do Presidente de Junta ouvido pelas reportagens. 
Surpreende-me que nenhum jornalista, dos vários que abordaram o assunto, tenha questionado os valores exigidos como requisito para ter acesso aos apoios e a, pelo menos aparentemente, fraca adesão a este programa de ajuda alimentar. No actual contexto salarial parece-me que uma larguíssima faixa de portugueses se enquadra neste padrão de rendimentos. Um casal empregado em que cada um aufira quinhentos euros mensais, tenha dois filhos, pague uma renda de trezentos euros, cinquenta de luz e vinte de água, mesmo que todos sejam saudáveis e não tenha cada um mais que uma ou duas constipações por ano, cumpre as regras necessárias para ter acesso aos produtos alimentares que a Europa nos manda e que, pelos vistos, temos dificuldade em distribuir. Das duas uma. Ou, afinal, os portugueses não ganham assim tão pouco, ou andam distraídos e não conhecem os apoios a que se podem candidatar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Estarei a ver bem?!


Vá lá saber-se porquê, a manchete de hoje do “Correio da Manhã” fez-me lembrar aquela velha história do homem que mordeu o cão. Não sei porque raio tal me terá ocorrido e, se calhar, é só uma associação de ideias completamente descabida. Ou então  encontrei aqui uma (i)lógica qualquer.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Os garganeiros


Intriga-me a absoluta necessidade de qualquer evento ou acontecimento da mais variada natureza, realize-se a norte ou a sul, terminar invariavelmente num repasto. Por vezes chega a dar a ideia que a realização de uma manifestação artística, recreativa, desportiva, cultural ou até mesmo de tipo indiferenciado ou difícil de enquadrar num conceito lógico e conhecido de manifestação, serve apenas de pretexto para, como diria o outro, encher a mula. 
Obviamente que comer, beber ou petiscar parecem-me actividades nada condenáveis. Antes pelo contrário. Desde que cada um pague aquilo que come, bebe ou petisca. Ou, se for à borla, que as despesas corram por conta da casa ou de algum patrocinador mais generoso. Mas, infelizmente, não é isso que acontece quando, no final dos eventos a que aludi, os participantes se transformam em comensais. São quase sempre as entidades públicas, com as autarquias à cabeça, que arcam com o pagamento das despesas e, como recentemente foi objecto de noticia na comunicação social, estão em causa montantes que, no todo nacional, assumem proporções verdadeiramente escandalosas. 
Numa altura em que os gastos públicos começam a ser esquadrinhados até ao mais ínfimo dos pormenores, são cada vez mais os que questionam a realização de despesas que não contribuem em nada para a melhoria de vida  da generalidade dos cidadãos e que, antes pelo contrário, apenas servem os interesses de um reduzido número de habituais garganeiros. É por isso tempo de os decisores, para além de fazer contas e pensar que há coisas mais úteis onde gastar o dinheiro de todos, comecem a perceber que talvez já não seja pela barriga que se ganham eleitores. A menos que seja a barriga dos que têm fome. Mas essa é outra história que hoje não vem ao post.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Badalhocos!


Muitos badalhocos do regime estão a fazer um alarido despropositado por causa das palavras do líder do PSD acerca da necessidade de responsabilizar, civil e criminalmente, quem gere demasiado mal os dinheiros públicos. (O demasiado resulta da minha interpretação do discurso do senhor Coelho). Como se isso não devesse constituir um dos princípios básicos a ter em conta por quem tem como responsabilidade administrar o dinheiro de todos. 
Os políticos, que nos conduziram à actual desgraça, gozam de total impunidade. São verdadeiros inimputáveis. Escudados nos resultados eleitorais acham que apenas o povo – e mesmo assim só nas urnas de voto – os pode condenar. Foi para isso que prepararam um emaranhado de disposições legais que lhes permite fazer praticamente tudo aquilo que querem sem que daí lhes possam ser apontadas responsabilidades de qualquer ordem. Excepto as eleitorais, claro. Mas, até essas, raramente acontecem. Basta ver os resultados eleitorais em Oeiras, Gondomar e muitas outras autarquias ou, em termos nacionais, as reeleições de Guterres e Sócrates. 
A coisa atinge um nível de absurdo de tal ordem, que é possível a qualquer governante ligeiramente mais visionário – seja autarca ou ministro – gastar os recursos que muito bem entender, sejam milhares ou milhões de euros, na construção de uma base de aterragem e respectivo centro de acolhimento a visitantes de outros planetas. Desde que cumpra todos os procedimentos legais para realização da despesa não há nada que o criminalize por isso. Tenha ou não dinheiro para tão inovador quanto desnecessário projecto. 
Mais tarde ou mais cedo, espero que mais cedo do que tarde, malucos deste quilate terão de responder perante a justiça pelos seus actos tresloucados. Por muito que isso custe a engolir aos Vitalinos, Jerónimos ou Anacletos desta vida.

domingo, 7 de novembro de 2010

Tristes

Para escapar a uma turba enraivecida – sem que se vislumbre uma única razão válida para tanta raiva - é quase necessária uma operação militar para colocar uma equipa de futebol dentro de um Estádio. No entanto, no mesmo país, são cometidas as maiores atrocidades de que as actuais gerações terão memória contra os direitos sociais e nada acontece. Nem uma pedra, uma bola de golfe, uma moeda vá, é atirada a um politico. Reconheço que é mais fácil atingir um autocarro em que a maioria dos ocupantes são estrangeiros, até por uma questão de tamanho, do que um automóvel ocupado por um ou dois governantes portugueses. Mas, por outro lado, mesmo que o Benfica ganhasse por dez a zero ao clube do porto daí não viria qualquer prejuízo para a qualidade de vida dos javardolas que por ali andam a vociferar. Se aqueles bandalhos protestassem com tanta energia quando um qualquer governante se deslocasse ao Porto, as coisas talvez fossem diferentes. Até porque, acho eu, cem ou duzentos euros a menos no pecúlio mensal é coisa para aborrecer muito mais que que perder vinte campeonatos do pontapé na bola. Mas não. Para aqueles doentes mentais o maior problema da vidinha deles chama-se Benfica. Tristes.

Choque tecnológico



sábado, 6 de novembro de 2010

E você, comprava um automóvel ao suposto engenheiro?

Se acho que os apaniguados, seguidores, apoiantes ou simples admiradores de José Sócrates, o ainda primeiro-ministro e relativamente engenheiro, são todos burros? Obviamente que não. Um ou outro não será. Até porque há gente que tem de defender o seu job e, portanto, é compreensível que inteligentemente vá manifestando apoio ao chefe. Embora, como vai sendo cada vez mais visível, de forma cada vez menos convincente. 
Quanto às qualidades do ainda líder do PS – por pouco tempo, espero – nada melhor do que ler a entrevista de Henrique Neto ao Jornal de Negócios. Segundo este histórico militante socialista, Sócrates "é um vendedor de automóveis" que "está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto". Será preciso dizer mais alguma coisa?!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O estado ladrão ou o ladrão do estado


Como era de esperar Alberto João, o rei da Madeira, já veio a publico manifestar o seu desagrado com a perspectiva de em Janeiro – caso a lei não seja inconstitucional ou as excepções não se transformem em regra - deixar de poder acumular a sua pensão de reforma com o vencimento que aufere como presidente daquela região autónoma. Tem, obviamente, toda a razão em expressar o seu lamento. E, mais ainda, quando não se coíbe de se indignar por este procedimento do Estado que apelida de ladrão. 
Alberto João tem, no entanto, uma grande vantagem relativamente a todos os portugueses. Depende apenas dele e só dele continuar ou não a poder auferir da reforma por inteiro. Basta apenas para isso que vá trabalhar para a iniciativa privada. Onde, com toda a certeza, alguém lhe pagará muito mais do que o tal Estado-ladrão lhe paga actualmente. Infelizmente a generalidade dos portugueses não tem essa opção. Por uma ou outra razão quase todos teremos no próximo ano menos dinheiro disponível nas contas bancárias e poucos terão a oportunidade de que dispõe o Alberto João. 
Sou desde a primeira hora – mesmo antes de o homem ter ganho as primeiras eleições – um critico convicto de Sócrates. Para mim é perfeitamente inconcebível que pessoas que tenho como muitíssimo mais inteligentes, cultas e letradas do que eu manifestem uma estranha admiração pelo primeiro ministro e consigam quase sempre justificar o comportamento do suposto engenheiro. No entanto não me custa reconhecer que neste caso, tal como na lei de proibição de fumar em recintos fechados, o governo esteve bem. Mas, para seis anos de poder, é manifestamente pouco.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Penso eu de que


Uma reputada jornalista, conhecida apoiante de causas fracturantes, manifestou no blogue em que habitualmente escreve a sua indignação contra os pensos rápidos. Não que, aparentemente, tenha alguma coisa contra este artigo de tão grande utilidade quando fazemos um pequeno golpe – daqueles que sangram, claro está – mas porque não acha adequado que os ditos pensos tenham, por norma, a cor da pele. Têm, argumenta em defesa do seu ponto de vista, a particularidade de uma resoluta recusa da diversidade do mundo. Ou, por palavras minhas, são uma forma intolerável de discriminação de todos os cidadãos não brancos. Imagine-se o desagrado de um negro, por exemplo, que quando se corta tem de passar pela humilhação de colocar um penso da cor da pele de um branco. Embora não sejam conhecidas estatísticas acerca de tão preocupante tema, acredito que haja por aí muitos negros que preferem esvair-se em sangue a colocar um adereço daqueles. Será, portanto, mais uma situação de racismo a que é urgente pôr cobro. 
Claro que tão fracturante assunto não podia passar despercebido à blogosfera e as reacções não se fizeram esperar. Nem o levantar de outras questões, de igual importância, em que igualmente se verifica uma preocupante insensatez na côr dos produtos que nos passam pela epiderme. Houve quem lembrasse, muito acertadamente, que a linha de sutura é preta. Coisa para causar danos psicológicos irreparáveis a qualquer cidadão de pele branca - ou rosácea, vá – que de repente se veja cozido com fios de uma cor que nada tem a ver com a sua. 
A mania do politicamente correcto e de ver em todo o lado, mesmo nas coisas mais insignificantes, algo que pode ofender alguém provoca-me níveis de irritabilidade bastante elevados e faz aumentar em proporções alarmantes o desprezo que esta intelectualidade me causa. Embora não aprecie contendas confesso que, perante disparates destes, sinto vontade de atacar alguém. À bofetada. De luva branca, evidentemente.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O estado (social) a que isto chegou

O Estado social terá, a acreditar nas profecias de conhecidos arautos da desgraça, os dias contados. Deve ser por isso que, numa tentativa de lhe prolongar a vida, o Partido Socialista decidiu que centenas de milhar de agregados familiares ficam a partir deste mês privados do abono de família. O país não produz riqueza suficiente para se dar a estes luxos e, de resto, se o pessoal tem dinheiro para estragar os pirralhos com mimos não tem que se queixar de não receber umas miseras dezenas de euros. Que até podem ser aplicados em coisas mais úteis, como festas e almoços de gente importante ou, se acreditarmos nos papagaios de serviço, para apoiar quem realmente precisa. Como acontecerá, por exemplo, a comerciantes de antiguidades, donos de lojas de pronto a vestir, agricultores e outras profissões igualmente nobres. Entre muitos outros. Todos, reconhecidamente, uns desgraçadinhos. 
O mesmo se passa com os subsídios escolares. Apesar de toda a transparência com que certamente decorre o processo de candidatura, selecção e atribuição dos apoios da acção social escolar, a lista de nomes dos beneficiários não deixa de surpreender. Embora a mim o que mais me surpreende é constatar que alguns que a integram não se envergonham de ver a sua chico-espertice exposta publicamente. Pobres eles são de certeza. Pelos menos de espírito.

O silêncio dos culpados

Eu, que até nem sou intrigas, ando intrigado com o silêncio ensurdecedor de uns quantos a propósito do sequestro e posterior assassinato de umas dezenas de católicos numa igreja de Bagdad. Parece-me, mas isso sou só eu a supor, que se fossem israelitas – sim, porque os restantes ocidentais são bananas demais para isso – a atacar uma mesquita havia já por aí muita idignaçãozinha. 
Obviamente que não esperava declarações inflamadas. Nem, tão pouco, manifestações de repúdio pelo acto bárbaro praticado pelos amiguinhos da malta do politicamente correcto mas, vá lá, uma reacçãozinha, nem que seja um post, a lamentar o ocorrido. Ficava-lhes bem ó malta da esquerdalha. Embora, claro, eu compreenda que para vocês um terrorista é como um santo e cada atentado em que um deles mata uns quantos ocidentais constitui para vós um momento de regozijo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Meninos rabinos


Corre na blogosfera afecta ao Partido Comunista uma onda de indignação contra a detenção de alguns jovens – definição actual de meliante, na nossa comunicação social – pela PSP e pelos eventuais maus tratos que alegadamente terão sofrido na esquadra para onde foram conduzidos. Foram, ao que alegam, sujeitos a humilhações várias, entre as quais uma revista mais pormenorizada onde, segundo o que se escreve, terão sido obrigados a tirar a roupa. Toda, ao que garantem. 
O motivo que levou a policia a deter os tais jovens terá sido a tentativa de vandalizar uma parede borrando-a com tinta. Um mural, como eles fazem questão de afirmar, embora a mim não me pareça existir entre um e outro conceito uma diferença substancial. Ainda assim não creio que valha a pena as forças da ordem perderem tempo com este tipo de criancice. Castigo exemplar teria sido deixá-los pintar as suas palavras de ordem e dar-lhes um bom motivo para, daqui por mais uns anitos, sentirem vergonha do que andaram a escrever na sua mocidade. 
Como não podia deixar de ser o episódio tem dado azo às mais variadas leituras. Há quem solidariamente com os aprendizes de comunistas – ou de pintores, sei lá - compare a acção da policia com os métodos das tropas americanas no Iraque. Enquanto isso, outros entendem que a revista a que foram sujeitos se deveu à necessidade de procurar as armas do crime – os pincéis – nos locais mais recônditos da dita rapaziada. 
Por mim acho que esta malta é mimada em demasia. Apesar de os pais levarem a vida a falar de trabalho e de trabalhadores, falharam redondamente na tentativa de passar a mensagem aos filhos. Estes, embora revelem uma imensa generosidade naquilo que supõem ser a defesa dos interesses de quem trabalha, manifestam um profundo desprezo por essa forma de ganhar a vida.