terça-feira, 19 de julho de 2011

Crise de valores


Sempre considerei que é preciso um enorme descaramento e uma colossal falta de vergonha  – assim mesmo, sem nenhum conjunto de palavras pelo meio que possa dar azo a interpretação diversa – para pedir, que é como quem diz exigir, um subsídio a uma instituição pública para realizar uma festa, fazer uma jantarada ou promover um qualquer evento semelhante. Na actual situação em que vivemos vou ainda mais longe. Continuar a exigir – quase encostar os autarcas à parede, não é mera figura de retórica – apoios para os mais variados disparates que dirigentes associativos idealizam, constitui um acto lesivo do interesse de todos os portugueses e que me enoja profundamente. A existência de dinheiro público a financiar cantorias e cambalhotas, bejecas, camarão ou frango assado é, principalmente numa altura como a actual, um verdadeiro escândalo que devia envergonhar a todos os que, em alguma parte do processo, tem uma palavra a dizer.  
Quando se solicitam estes apoios, são evocados motivos aparentemente muito nobres que justificam a sua concessão. Desde o interesse público até coisas realmente imaginativas, como a promoção e a divulgação do concelho em causa.  Seja lá o que for que isso queira dizer. Presumo que terá sido nesse contexto que os “Amigos da Festa Brava”, certamente uma associação de reconhecido interesse público e que eventualmente promoverá o concelho onde está sediada, ganharam quase oito mil e duzentos euros de subsídio atribuído pela Câmara lá da terra. No entanto, nessa mesma terra, muitas famílias deixaram de receber abono de família, pagam bastante mais irs e vão ver parte do seu subsídio de Natal ser absorvido pelo imposto natalício. É a crise. De valores.

2 comentários:

  1. É a crise das... prioridades!!!

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  2. é de ficar em brasa, para não dizer fúria! Aqui o Presidente queixa-se e festarolas de verão...é o que se quer!!!

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