segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Coisas que me aborrecem

Quando determinado bem ou serviço apresenta um preço demasiado elevado relativamente à média do mercado ou ao que estou disposto a pagar por ele, ainda que possa ter dinheiro para o adquirir opto por não o fazer. Isto, naturalmente, em termos gerais e deixando de lado situações especificas e completamente anormais. Penso que desta forma penalizarei muito mais o vendedor ganancioso e o Estado-ladrão do que, por exemplo, desatar a chamar gatuno a quem vende e filho de uma senhora que anuncia os seus préstimos nos classificados do Correio da Manhã ao político que aumenta impostos. Daí que tenha manifesta dificuldade em entender os protestos contra o preço da gasolina daqueles que, podendo andar a pé, continuam a não abdicar do automóvel ou, como está agora na moda, dos que vociferam contra a cobrança de IVA à taxa máxima da electricidade e, eventualmente, do vinho.  
Em ambos os casos não me parece que seja difícil proceder a uma redução do consumo que cubra o previsível aumento do preço. Se, relativamente à electricidade, as maneiras de poupar poderão requerer alguma imaginação e, até, prescindir de algum conforto, já quanto ao vinho não se me afigura que a coisa apresente dificuldade de maior. Basta reduzir o consumo em 9% e a carteira não se irá queixar de correntes de ar. Ou, em alternativa, que quem o vende seja um pouco menos ganancioso. Porque um restaurante, ainda com IVA a 13%, vender por 5,90€ uma garrafinha de 37,5 cl, contendo uma vulgar zurrapa que custa em qualquer supermercado pouco mais de euro e meio, é algo muito parecido com roubar. Ou assaltar, como fazem inúmeras espeluncas no Algarve, que cobram um euro por uma gota de café que mal tapa o fundo da chávena.
É por estas coisas que, contra a corrente daquilo que a maioria dos estudiosos garante, considero o imposto sobre o consumo muito mais justo do que a tributação sobre o trabalho e, em certa medida, sobre o capital. Se quanto ao consumo disponho sempre de opção em função de uma série de factores que posso controlar, o mesmo não se verifica relativamente ao rendimento em que não existe alternativa ao pagamento. É que pagar impostos e “engordar gulosos” são duas das coisas que mais me chateiam.

3 comentários:

  1. Tal e qual e também concordo com a tua opinião. Posso assinar?:)

    ResponderEliminar
  2. Efectivamente há muitas espeluncas no Algarve que fazem isso... mas também estou certa que isso não é só apanágio do Algarve, há muitas espeluncas espalhadas por esse país fora que praticam o mesmo roubo...

    ResponderEliminar
  3. Quando almoço ou janto fora, apenas bebo vinho em alguns restaurantes que não roubam o cliente. Nos que passam a vida a roubar, pergunto a marca, o preço e, com toda a delicadeza, peço uma garrafa de 1,5 l de água... É de partir o côco a rir...
    Compadre Alentejano

    ResponderEliminar