quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Harmonias


Bastou surgir a noticia de que o governo se prepara para rever as tabelas salariais da função pública, alegadamente no sentido de as aproximar daquilo que se paga no sector privado, para os comentários de satisfação de inúmeros opinadores se multiplicarem. Seja nos sites dos jornais que publicaram a noticia ou numa qualquer esquina. Toda essa gente saliva de agrado com a perspectiva de ver os funcionários públicos sofrerem mais uma quebra dos seus vencimentos. Isto porque – com intenções fáceis de adivinhar - é frequentemente transmitida a ideia que no sector público os ordenados são mais elevados.
Provavelmente até serão. Talvez a sua harmonização com os pagos no sector privado constitua um factor de justiça social. É que a mim, um gajo relativamente preocupado com os mais desfavorecidos, fazem-me confusão as listas – públicas todas elas – de atribuição de apoios de âmbito escolar a alunos carenciados. Quase todos, diga-se, filhos de pessoas que trabalham no sector privado. E, não raras vezes, até a descendência de empresários que todos julgávamos de sucesso por lá aparece.
Fará, portanto, algum sentido a satisfação evidenciada por uma certa populaça que sofre de uma raiva mal contida contra os funcionários públicos. Verem-se incluídos numa lista de pobrezinhos não deve ser agradável. Mesmo que os carros em que se locomovem, as casas onde habitam ou os sofisticados telemóveis e outros gadgets manuseados pela sua prole, indiciem que vivem numa zona de conforto pouco compatível com a sua condição de quase miseráveis.

5 comentários:

  1. Totalmente de acordo contigo e nas ajudas há quem abuse e não precise. Como travar isso? denunciando!

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  2. O Rei dos Leittões sente-se orgulhoso de desejar a todos os Canhotos um Natal impossível e uma ano novo cheio de lutas possíveis.

    Não comam carne de porco! Comam Coelho! Isto não é o Fim do Mundo! É o fim do sistema!

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  3. FELIZ NATAL E PROPERO ANO NOVO PARA TI E PARA OS TEUS

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  4. Não sou funcionário público e cada vez menos me identifico com esse gáudio saloio evidenciado por quem quer agradar a um regime que estará (espero eu) em fim de ciclo.

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  5. é o Estado miserável e oportunista que tem que ser eliminado...

    Boas Festas

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