segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cavar?! Não, obrigado.


As hortas urbanas, comunitárias ou lá o que lhes queiram chamar estão na moda. Autarquias e instituições de apoio social, um pouco por todo o país, disponibilizam espaços onde potenciais hortelões podem cultivar a terra e obter daí alguns produtos destinados a rechear a despensa. O que, numa altura difícil como a que vivemos, pode constituir um complemento importante para os orçamentos mais magricelas. Será, presumo, esta a filosofia que preside – e muitíssimo bem – a este tipo de iniciativas.
O pior é que o cenário idílico de pobrezinhos de enxada na mão a semear batatas, sonhado por umas quantas almas bem-intencionadas, colide frontalmente com a pouca apetência dos primeiros para actividades que envolvam o coiso. O trabalho, ou lá o que é. Não surpreende por isso que, segundo informa o Brados na sua última edição, os talhões da “Horta comunitária de Santiago” não tenham despertado grande interesse nos habitantes daquela zona da cidade. A quem, saliente-se, a iniciativa se destina. Nem, mas isto já sou eu a especular, aos moradores do outro bairro ainda mais degradado e onde, no dizer dos próprios, são todos desempregados.
Por mais notórias que sejam as carências do público-alvo destas acções, o objectivo de pôr esta gente a contribuir para o seu próprio sustento – ainda que de uma forma quase lúdica – é, no mínimo, irrealista. Talvez, por mais politicamente incorrecto que possa parecer, a sua principal carência seja a incapacidade de colocar em causa o direito adquirido ao subsídio, à esmola e a um estilo de vida muito sui generis. Mas não admira. Faz parte de uma certa cultura que assim seja.

1 comentário:

  1. Concordo inteiramente contigo e sabes amigo este post levou-me à actualidade da minha terra:

    - como é que querem pôr a trabalhar miúdos orfãos de guerra, habituados a viverem na rua e na deliquência e não só, hoje com trinta e poucos anos? (e foram milhares)

    Tem que haver um processo obrigatório e deveria haver medidas para se integrarem...mas tudo falha neste país!!!

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