domingo, 9 de junho de 2013

O tempo, esse malandro.

Está tudo explicado. Afinal a retoma só não acontece por causa do tempo. É o que garante o sábio Gaspar e, se ele o diz, tem de certeza toda a razão. Por mim, devo dizer, já andava desconfiado que a culpa era disso do tempo. Faz, até, algum tempo que o ando a escrever. O tempo que esta gente – e a outra que lá esteve antes – perdeu a tomar as opções que tomou e que, estava-se mesmo a ver à muito tempo, iam dar nisto. 
Apetece-me também incriminar o tempo em que se construíram estádios, auto-estradas, multiusos, piscinas, centros culturais, escolas onde não há crianças, parques desportivos onde só moram velhos, distribuiu subsídios, arregimentou gente para a função pública e, em resumo, se esturrou dinheiro como se não houvesse amanhã. Nem, tão pouco, um tempo em que teríamos de pagar a conta. 
Sobra-me, igualmente, vontade de responsabilizar o tempo que ninguém teve para se manifestar estridentemente, como fazem agora, contra o rumo que o país estava a seguir. O tempo que agora lhes sobra para protestar contra os tempos que vivemos. Mas o pior - e que verdadeiramente me atormenta -  é que, a esmagadora maioria, ainda não tiveram tempo de perceber que vivemos noutro tempo.  



1 comentário:

  1. O tempo tem as costas quentes. Ou será o tio Gaspar?

    Dá jeito ter ali o tempo à mão. Um bode expiatório parece que funciona para alguns. Digo eu. Agora fiquei chateada com o tempo que perco a ouvir o 'sábio' Gaspar. A bem dizer, faço um esforço tremendo para não fechar os olhos e não estou a brincar.

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