quinta-feira, 6 de junho de 2013

Quem tem medo da transparência?

Acho piada ao conceito de privacidade, bom nome ou seja lá o que for, actualmente em vigor. Qualquer boa mãe de família – ou mesmo que não seja assim tão boa – expõe à vista de todos, livre e espontaneamente, em qualquer rede social fotografias suas, da sua família ou do último pitéu que acabou de cozinhar. Todos – bom, pelo menos muitos – compartilham imagens das férias em Cuba, Porto Galinhas ou outro  destino exótico. Não falta quem exiba de forma ostensiva, pelos mais diversos meios, sinais exteriores de riqueza que, por muito legítimos que sejam, não tinham necessidade de ser exibidos. Tudo coisas que, na sua maioria, não necessitávamos de ver nem de saber.
A coisa muda radicalmente de figura quando se trata de dinheiro. Do que têm ou, principalmente, do que não têm e deviam ter para pagar aquilo que exibem ou de que desfrutam. Muitas vezes de forma legitima, diga-se. A ideia de privacidade parece ganhar outros contornos quando em causa estão o cumprimento de obrigações. Ou seja, apenas se defende intransigentemente quanto aos deveres. Nunca ou raramente do lado dos direitos.
Vem isto a propósito da intenção do governo de tornar obrigatória a divulgação dos beneficiários dos apoios sociais. O que faz todo o sentido. A sociedade tem o direito a saber quem beneficia do dinheiro dos seus impostos. Mas, como era de esperar, não pode ser. A oposição, CDS incluído, não quer e a comissão de protecção de dados também não. Seria uma medida da mais elementar justiça. Nomeadamente para com aqueles que realmente necessitam desses apoios. 

1 comentário:

  1. Hoje menos...mas infelizmente ainda há gentinha que recebe apoios sem nunca ter tido necessidade.

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